quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A Saudade



Sempre quando fecho os olhos parece que ainda estou na velha casa de madeira. Esta lembrança me acompanhará por toda a vida e me volta à memória sempre que o maravilhoso acontece.

Um longo caminho era percorrido, estrada reta e de pouca vista, duas pontes, horas arrastadas. Então, era descer do carro e lá estaria ela de pé em frente ao portão da velha casa de madeira, a razão de toda a maravilha da experiência.

Sabe como é se perder em abraço de portão? Braços curtos e cintura gorda. E não é que eu conseguia?! O legal era uma mão dar com a outra do outro lado formando um laço! Depois disso era olho no olho, coração batendo apressado. Vó e neta, abraço e laço. Parece até um quadro, vó, casa, portão, cachorro, pé de limão.

 Com a tarde azul e as noites perfumadas, o bom era dormir abraçada.

Casa de madeira, portão, abraço, laço, máquina fiando, cachorro latindo, batatas fritas bem coradas, fumo de corda, tomates cor de rosa. A magia com sorte duraria um mês.

Mas passou tão depressa. Daí difícil mesmo era entrar de novo no carro, aí sim o caminho ficava sem vista, se estendiam as pontes e as horas antes arrastadas, agora sem fim. Então era choro, aperto no peito, laço desfeito, saudade que não acabava. Ano que vem vai ter de novo? E teve..., por muitos anos ela ainda esteve lá, parada em frente ao portão da velha casa de madeira.

             Quando a saudade aperta sei que é só fechar os olhos de novo, e lá estaremos nós duas, quadro, laço, abraço, maravilha


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A Saudade de Juana Correia é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.

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